segunda-feira, 4 de abril de 2016

Saiba mais....

CRIANÇA DESAFIANTE
O QUE É O TRANSTORNO OPOSITIVO-DESAFIANTE?
Quando o comportamento de uma criança é frequentemente rebelde e desafiante, ela pode ser diagnosticada como sendo portadora do Transtorno Opositivo-Desafiante.
Mas aí ocorrem alguns fatores de confusão diagnóstica. Mas antes, vamos ver quais são os “critérios diagnósticos” para o TOD definido pelo Manual de Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5):
A criança apresenta um padrão de comportamento negativista, hostil e desafiante que dure, pelo menos, 6 meses, durante o qual 4 ou mais dos sintomas abaixo estão presentes:
1.    Muitas vezes perde a calma
2.    Freqüentemente discute com adultos
3.    Muitas vezes ativamente desafia ou se recusa a cumprir as regras ou comandos dos adultos
4.    Muitas vezes incomoda as pessoas deliberadamente
5.    Muitas vezes culpa os outros por seus próprios erros ou mau comportamento
6.    É suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros
7.    Frequentemente apresenta raiva e ressentimento
8.    Frequentemente é  rancoroso ou vingativo
Pelo que podemos concluir, uma criança com TOD é uma criança “mal-educada”, respondona, metida, birrenta e rebelde.
Este padrão de comportamento é uma doença? É decorrente de uma educação ineficiente? É uma associação entre uma educação mal conduzida em uma criança de temperamento difícil? Ou é só uma criança difícil de lidar?
Na verdade, o diagnóstico do TOD é feito a partir de um conjunto de comportamentos, mas as causas são multifatoriais, ou seja, diversos fatores, desde a genética até problemas na educação, podem estar por trás do quadro clínico. O fator complicador é que raramente uma criança tem um TOD isolado. Segundo 2 famosos pesquisadores de Harvard (Faraone e Biederman) o TOD é uma patologia que raramente vem sozinha:
  • 80% destas crianças também tem TDAH.
  • 30% tem Depressão Severa associada.
  • 20% tem Transtorno Bipolar.
  • 21 % das crianças com TOD tem um Transtorno de Linguagem.
  • 38% destas crianças tem um Transtorno de Ansiedade.
A pergunta é: com tamanha comorbidade (80% das crianças com TOD tem TDAH, enquanto 60% das crianças com TDAH tem TOD) o TOD é uma doença em si ou é um conjunto de comportamentos que decorrem de outras patologias?
Não há uma resposta única ou concensual para esta pergunta. Entretanto, precisamos ajudar estas crianças e seus pais. O que, então, pode ser feito na prática clínica quando uma criança tem estas características?
É muito importante que a criança seja avaliada na sua totalidade, já que a definição de um ou mais diagnósticos é importante, não pelos rótulos ou nomes de cada doença, mas porque através da definição dos diagnósticos e dos sintomas mais proeminentes, podemos definir o melhor e mais efetivo tratamento.
Por exemplo, se uma criança tem TOD puro, sem comorbidades, o tratamento preferencial é terapia comportamental e treinamento de pais. Entretanto, se esta criança também for portadora de TDAH, o tratamento comportamental ou psicoterápico sozinho não vai funcionar, já que um grande estudo sobre o TDAH, o MTA (Multimodal Treatment of Attention Deficit and Hyperactivity Disorder), mostrou que os sintomas centrais do TDAH só melhoram com medicação. Além disso, crianças com TOD costumam apresentar comorbidades como transtornos de ansiedade, depressão e problemas de aprendizagem ou de linguagem. TRATAR O TOD, SEM ABORDAR AS COMORBIDADES, VAI TRAZER RESULTADOS INSATISFATÓRIOS.
Por isto em nossa clínica, a avaliação é abrangente. Reunimos informações dos pais e professores, bem como diretamente com a criança. A coleta ampla de informações vai ajudar o médico a determinar com que freqüência os comportamentos ocorrem e a determinar a forma como estes comportamentos afetam as diferentes áreas da vida da criança. A avaliação também visa definir:
  • Se o comportamento é leve, moderado ou grave
  • Se os conflitos são com os colegas ou figuras de autoridade
  • Se o comportamento pode ser resultado de situações de estresse dentro de casa ou na escola
  • Se criança reage negativamente a todas as figuras de autoridade, ou apenas aos seus pais
  • Se a educação pouco efetiva dos pais pode ser uma das causas do problema
  • Se há outras patologias associadas
  • Se o tratamento vai exigir medicação, treinamento de pais ou ambos
Ferramentas de avaliação, tais como escalas e questionários, podem nos ajudar a medir a gravidade dos comportamentos. Estas ferramentas também podem auxiliar no estabelecimento de um diagnóstico e no acompanhamento do progresso com o tratamento. Testes neurocognitivos são importantes quando há suspeita de alguns transtornos cognitivos, como problemas na linguagem, coordenação motora, transtornos de aprendizado ou déficit de atenção.
Transtorno de Conduta (TC)
O Transtorno de Conduta envolve comportamentos mais graves, incluindo agressão contra pessoas ou animais, destruição de propriedade, mentiras frequentes, roubo, fuga de casa, faltas às aulas e um padrão de comportamento caracterizado por ausência de culpa ou remorso.
Os comportamentos associados ao Transtorno de Conduta  são freqüentemente descritos como “maldosos” ou delinqüência.
As crianças que apresentaram esses comportamentos devem receber uma avaliação abrangente. Crianças e adolescentes com TDAH e TC têm vidas ainda mais complicadas e piores resultados piores do que crianças apenas com TDAH.

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