quarta-feira, 16 de março de 2016

Autismo: Transtorno do Espectro Autista: Aspectos básicos



E-mail: Dr.Clay  drclayneuroped@yahoo.com.br

Sindrome de Asperger - Autismo Um Universo Particular (Série Cpt)

Misterios do Autismo - Discovery

Autismo

Método ABA e PECS

O TRANSTORNO DA APREENDIZAGEM NÃO VERBAL e o PROTANV. Ana Silvia Figueiral

O Transtorno da Aprendizagem Não Verbal (TANV)
O PROTANV surgiu com o aumento na demanda de atendimentos aos portadores do TANV e a constatação do grande impacto acadêmico e emocional causado por este transtorno, sobretudo na fase do Ensino Fundamental II, abrangendo o período do 6º ao 9º ano, e do Ensino Médio.
No curso dos atendimentos, os profissionais envolvidos nas terapêuticas sentiram a necessidade de ampliar o seu conhecimento sobre o transtorno para promover um novo modelo de intervenção que atendesse os portadores nas necessidades específicas, tanto do ponto de vista comportamental quanto acadêmico e, principalmente na parceria com a escola.
No que concerne à intervenção, as técnicas de manejo já consagradas na abordagem com os outros transtornos, revelaram-se inadequadas ou pouco abrangentes para garantir ao portador o acesso ao conhecimento e a aprendizagem efetiva assim como ao desenvolvimento das habilidades sociais.
A partir destas constatações referendadas na literatura por Thompson (1996), Tanguay (2002), Sands & Schwartz (2000) e Schloerb (2005), organizamos intervenções pontuais com o portador, seus familiares e a escola. Investindo nas habilidades preservadas, visamos a criação de estratégias sociais e de aprendizagem para que, de forma independente, o portador alcance uma adultização produtiva.
PROTANV está organizado para intervir na cidade de São Paulo com uma equipe interdisciplinar composta de profissionais da Análise Comportamental, da Pedagogia e da Psicopedagogia. Considerando que cada portador tem sua própria topografia de sintomas, o modelo de intervenção é individualizado, compartilhado com a família, que recebe o projeto por escrito.
A coordenação geral do PROTANV está a cargo da psicopedagoga Ana Silvia Figueiral que, junto com o psicólogo Daniel Del Rey e a educadora Fernanda Junqueira supervisionam todos os profissionais envolvidos nas terapêuticas, dando também suporte às escolas dos portadores e a seus familiares.
O que é o Transtorno da Aprendizagem Não Verbal?
Não mencionado nos manuais internacionais classificatórios de doenças (CID e DSM) e muito discutido na sua existência como uma categoria independente, o TANV vem sendo estudado pelo psicólogo canadense Byron Rourke, tendo sido o termo “Distúrbios não-verbais de aprendizagem” apresentado inicialmente por Johnson e Myklebust, em 1967.
Trata-se de um perfil neuropsicológico que afeta crianças em seu curso de desenvolvimento, tanto acadêmico quanto emocional e social (Martin, 2007). Do ponto de vista acadêmico, os portadores do TANV apresentam dificuldades na compreensão da leitura, nos conceitos matemáticos, na resolução de problemas, na teoria e nos conceitos científicos. Têm ótimos recursos verbais e de memória auditiva. Alguns são leitores fluentes e dominam um extenso vocabulário.
Revelam prejuízos nas funções motoras e na percepção visoespacial. Apesar de haver motivação para a interação social, os portadores apresentam comprometimento das habilidades básicas necessárias para sustentação das relações interpessoais e são muito dependentes nas atividades do dia a dia.
Os portadores do TANV apresentam um conjunto de características que determinam diferentes combinações e graus de severidade do problema. No entanto, é no ambiente escolar que eles experimentam seus maiores desafios e fracassos. Não é incomum o desejo de mudar de escola e até mesmo de abandonar os estudos, sobretudo na etapa do Ensino Fundamental II. Nesta fase, as dificuldades psicossociais ficam acentuadas assim como os problemas no aprendizado, em função da abordagem de conteúdos mais abstratos, da maior exigência na contextualização e na transferência do aprendizado.
Significado sócio econômico das Dificuldades Escolares
As Dificuldades e os Transtornos de Aprendizagem (Problemas de Aprendizagem) fazem parte de um conjunto de situações que afligem a saúde mental das crianças e consequentemente da família, preocupando os professores. Quando não diagnosticados e não tratados de forma eficiente são um dos principais motivos para a defasagem escolar e para as contínuas reprovações, culminando no abandono da vida acadêmica.
Indigentes do sistema escolar, estes alunos têm maior probabilidade de adesão às drogas, ao uso da violência, maior exposição a riscos de acidentes, gravidez precoce e envolvimentos marginais.
No que tange ao TANV, em função da falta de malícia, os portadores podem se envolver em situações de risco e sendo eleitos como bode expiatório por seus pares. Não raramente, experimentam quadro de depressão.
Nos dias atuais, um só especialista não consegue encarar os fenômenos relativos ao insucesso na vida escolar sem a parceria com as forças sociais, a própria escola, o professorado e a família.  A somatória dos conhecimentos e da reflexão sobre as ocorrências permitem a todos que atuem de forma efetiva, favorecendo a qualificação do aluno e evitando o abandono escolar.
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dólar investido na educação infantil gera economia de sete dólares em assistência social, atendimento a doenças mentais, manutenção de sistemas prisionais, repetência e evasão escolar, e de quinze dólares “per capita” em doenças que continuam se manifestando na idade adulta, como depressões e abuso de drogas, entre outras (Figueiró, 2009)
Os objetivos do PROTANV
1.    Elaborar o Projeto de Intervanção a partir:
a)    Dos laudos recebidos, dos informes da escola e do relato da família;
b)    Do mapeamento das características pessoais e de aprendizagem realizado pela equipe do PROTANV.
2.    Apresentar o Projeto de Intervenção para a família, composto dos seguintes itens:
a)    Objetivos do trabalho;
b)    Suportes necessários nas diferentes áreas de necessidade e de habilidades.
c)    Engajamento familiar: orientações e suportes necessários.
3.    Emitir o laudo para a escola e responsáveis com as recomendações que permitam a inclusão escolar e o manejo no ambiente familiar.
4.    Reavaliar periodicamente o paciente.
5.    Avaliar periodicamente o Projeto para o aperfeiçoamento contínuo das estratégias de intervenção, tanto junto aos pais e profissionais, quanto junto aos pais e professores da escola.
6.    Para os pacientes residentes em outras cidades do Brasil, o PROTANV tem como proposta de trabalho desenvolver um modelo de intervenção, prestando consultoria aos profissionais selecionados pela família.
O caminho do TANV
1.    Pacientes identificados como portadores do TANV;
2.    Avaliação das condições de aprendizagem e das características pessoais;
3.    Contato com os profissionais responsáveis pelos laudos anteriores;
4.    Elaboração do Projeto de Intervenção e apresentação para a família;
5.    Orientação e indicação de profissionais para os suportes necessários.
As propostas terapêuticas para o portador de TANV
Da Educação Infantil ao 5º ano: Tutoria socioeducativa (em sala de aula); suporte psicopedagógico; terapias necessárias; investimento nas habilidades.
Do 6º ano ao Ensino Médio: Tutoria socioeducativa; suporte psicopedagógico e de orientação de estudo; terapias necessárias; investimento nas habilidades.
Considerações Finais
A exclusão escolar e social pode ser o primeiro passo para o processo de marginalização do portador que precisa ser compreendido, protegido e receber os cuidados necessários.
Cabe a todos os profissionais envolvidos com a educação e com a saúde mental estarem atentos para os sintomas característicos do TANV, mobilizando seus esforços na identificação precoce e no tratamento adequado do Transtorno da Aprendizagem Não Verbal (TANV), evitando que os alunos portadores experimentem, ano após ano, o fracasso acadêmico e pessoal com danos severos para sua auto-estima.
“Que nenhuma criança seja humilhada, nem tenha sua admiração diminuída por causa de nossa ignorância ou passividade. Que nenhuma criança seja privada de suas descobertas, porque nos faltam recursos para descobrir seu problema. Que nenhuma criança — jamais — duvide de suas próprias possibilidades porque estamos inseguros de nossa responsabilidade”
Foundation for Children with Learning Disabilities
A equipe PROTANV
Direção:
Ana Silvia Figueiral – Psicopedagoga [ana.figueiral@uol.com.br Tel: (11) 3884.2008/ 8191.4741]
Daniel Del Rey – Psicólogo [danieldrey@bol.com.br Tel (11) 9645.8153]
Fernanda Junqueira – Pedagoga [fejunqueira@uol.com.br  Tel: (11) 5044.3740/ 9711.0686]
Equipe de profissionais:
Bia Alckmim – Psicóloga e Engenheira
Cristiane Abe da Costa – Psicóloga e Psicopedagoga
João Mariano – Psicólogo
Mariana Cavalcante Vieira – Psicóloga
Paula Ferreira Braga Porto – Psicóloga
Paula Barcellos Bullerjhann – Psicóloga
Acesso ao PROTANV
www.protanv.com.br
www.protanv.com
BLOG: http://protanv.wordpress.com
Referências bibliográficas
Figueiró, J. A. Revista Ser Médico, nº 40, Ano XII, Jul/Ago/Set, 2009.
Johnson, D. J. & Myklebust, H. R. Distúrbios de Aprendizagem: princípios e práticaseducacionais. São Paulo, Pioneira, 1987.
Martin, M. Helping children with Nonverbal Learning Disabilities flourish: a guide for parents and professionals. London, Jessica Kingsley Publishers, 2007.
Sands, S. A. & Schwartz, M. A. Nonverbal Learning Disabilities. NYU Child Study Center Letter, 4 (5), may / june 2000.
Schloerb, A. P. The impact of Nonverbal Learning Disabilities on early development. Praxis,5, p. 53-60, 2005.
Tanguay, P. Nonverbal Learning Disabilities at School: Educating students with NLD, Asperger Syndrome and related conditions. London, Jessica Kingsley Publishers, 2002.
Thompson, S. Nonverbal Learning Disorders. Disponível em http://www.nidontheweb.org/thompson-1.htm

TANV -Transtorno não Verbal



Psicopedagogia

Transtorno não Verbal


TANV é um dos problemas que mais têm mobilizado educadores, pois se trata de uma desordem neurológica profunda, crônica, causada por disfunções cerebrais, que provocam déficits significativos

por Maria Irene Malu

Crianças com transtornos de aprendizagem requerem especial atenção de seus professores durante a maior parte do seu percurso escolar.
Com a implantação da inclusão em nosso sistema de ensino, criou-se a necessidade de preparar (e rapidamente) os professores para atenderem às necessidades educativas especiais de seus alunos, já que uma parcela considerável desses profissionais não possuía (e parte ainda não possui), uma especialização acadêmica ou experiência que lhes ofereça condições para trabalhar com tal leque de desafios.
Entre os transtornos que hoje mais têm mobilizado a atenção dos educadores, está o Transtorno de Aprendizagem Não Verbal, o TANV, uma desordem neurológica profunda, crônica e que resulta em déficits significativos nos domínios cognitivo, social, emocional, psicomotor, espacial, tátil e visual , com grandes repercussões na aprendizagem e características que o tornam peculiarmente complexo no seu diagnóstico e intervenção. Segundo Rourke (1995) e Togenson (1993), esse transtorno atinge 1 em cada 10 crianças com problemas de aprendizagem ou 1% da população geral (Pennington, 1991).
Identificado por volta de 1960 por Jonhson & Myklebust, o TANV recebeu em 1970 de Byron Rourke a denominação atual. Seu reconhecimento tem sido lento devido à baixa incidência entre a população infantil, mas assim como o autismo, esse transtorno vem sendo mais estudado e identificado na atualidade, à medida em que os seus portadores passaram a frequentar as escolas regulares em maior número.
Ao contrário do que sugere seu nome, a compreensão da criança praticamente se restringe às atividades que se baseiam no domínio verbal, ainda que muitas vezes interprete erroneamente o que lhe é dito. Trata-se de uma síndrome na qual coexistem limitações funcionais e seus portadores necessitarão do apoio de uma equipe multidisciplinar para os atender nas suas diversas necessidades, que, inclusive, vão se alterar ao longo de suas etapas de desenvolvimento.
A sociedade tende a valorizar a capacidade mais expressiva de comunicação verbal das crianças, como um sinal de inteligência. Mas, no caso dos portadores de TANV, que nos anos iniciais da escolaridade se mostram precocemente desenvolvidos nesse quesito, tal competência de linguagem, característica do transtorno, deve ser antes compreendida como uma compensação de seus importantes déficits em outras áreas. Por outro lado, se aprendem a ler muito cedo é devido a sua facilidade de descodificação, uma habilidade relacionada ao hemisfério esquerdo do cérebro.

AO CONTRÁRIO DO QUE SUGERE O NOME, A COMPREENSÃO DA CRIANÇA PRATICAMENTE SE RESTRINGE ÀS ATIVIDADES QUE SE BASEIAM NO DOMÍNIO VERBAL, AINDA QUE, MUITAS VEZES, INTERPRETE ERRONEAMENTE O QUE LHE É DITO

Mas, em relação à compreensão da leitura, começam os problemas, já que esta exige uma interação individual com a linguagem escrita que envolve, além da compreensão do vocabulário e da ideia principal contida no texto, a identificação da informação relevante em oposição à irrelevante, assim como outros fatores que tornam essa habilidade mais difícil, especialmente para a criança com TANV, pois a compreensão da leitura é uma atividade do hemisfério direito e do cérebro no seu todo – áreas em que o portador desse transtorno apresenta déficits.
Em relação ao domínio cognitivo, a criança com TANV não demonstra desempenho apropriado à sua idade cronológica, em relação principalmente ao desenvolvimento da função executiva. Frequentemente mostra dificuldade para generalizar informações e, portanto, para aplicar conhecimentos anteriormente aprendidos a novas situações, revelando pouca flexibilidade mental diante de ideias novas. Socialmente, tem reduzida capacidade para interagir diante das normas sociais estabelecidas, assim como a se ajustar a uma nova ordenação.


Shutterstock


Trabalhar com crianças e jovens com TANV, exige conhecer alguns princípios básicos:
• A sua aprendizagem exige instrução explícita e prática exaustiva. Vale atentar ao fato de que a linguagem oral bem desenvolvida não garante a capacidade de resolução de problemas e de formação de conceitos abstratos;
• Deve-se ensinar estratégias similares àquelas que seriam empregadas efetivamente em crianças muito mais novas e passo a passo, para lidar com situações problemáticas que ocorrem diariamente;
• Aprimorar as habilidades visioespaciais, visuocontrutivas e analíticas;
• Procurar desenvolver a compreensão do comportamento não verbal alheio;
• Acompanhar a criança em situações pouco estruturadas mesmo em brincadeiras com outras crianças, quando ainda não estiver preparada e procurar trabalhar conjuntamente outros aspectos como, por exemplo, a coordenação motora;
• Permitir e incentivar o uso de suportes adequados a idade como calculadora, relógio digital, computadores, etc.
Ajudar crianças e adolescentes com TANV a reconhecer suas capacidades e habilidades para que aprendam a usar estratégias apropriadas, desenvolvam boa auto-estima e se tornem autônomos é o que se espera da família, da escola e de todos os profissionais que trabalham com seus portadores. Para isso, não basta boa vontade: o conhecimento científico do Transtorno é imprescindível, como aliás o é, em todos os Transtornos de Aprendizagem.

Autismo e o Método Teacch

TEACCH é a sigla adotada por um projeto de saúde pública e disponível na Carolina do Norte, EUA, que oferece serviços voltados para pessoas com autismo e outros transtornos do espectro do autismo e suas famílias.
Por tratar-se de um projeto abrangente, com uma abordagem suficientemente flexível para ser adaptável, desde a década de 80 o TEACCH tem sido tomado como referência em diversos países do mundo, inclusive aqui no Brasil, embora sua única implementação completa continue sendo na Carolina do Norte.
O TEACCH tem historicamente seu nome ligado à abordagem do autismo como um transtorno do desenvolvimento, à educação como estratégia de tratamento e inserção das pessoas com autismo na família e na comunidade, ao movimento das associações de pais, à colaboração entre pais e profissionais como politicamente a mais potente para o tratamento, à pesquisa e à sensibilazação da comunidade.
Atualmente ofereçe serviços abrangentes, da 1ª infância até a idade adulta, incluindo diagnóstico e avaliação, projetos de tratamento individualizados, educação especial, treinamento de habilidades sociais, treinamento vocacional, consultoria a escolas e convênio com as escolas estaduais, treinamento e aconselhamento dos pais e promoção de atividades de grupos de pais. Mantém também um projeto de pesquisa ativo e capacitação multidisciplinar para profissionais lidando com crianças, adolescentes e adultos com autismo e suas famílias. Isso tudo nos EUA. Aqui no Brasil, as escolas que seguem esse programa, cumprem a maioria dessas atividades também.
Segundo Gary Mesibov (2004), atual diretor do TEACCH, um princípio permanente e valioso do serviço é a idéia de instigar e manter o espírito de colaboração e cooperação, inclusive para tentar ajudar a comunidade a entender o autismo. A teoria essencial é que as pessoas com autismo são diferentes. O autismo afeta sua forma de aprender o mundo - de falar, de comer, de se comunicar, etc - mas não tem nada de errado ou degradante. Partindo dessa premissa, o movimento então seria em direção ao respeito pelas diferenças que o autismo cria em cada pessoa singular e na promoção do apoio e facilitação que eles precisam, justamente devido as tais diferenças.
Por isto a direção dos esforços terapêuticos e educacionais não é  no sentido de curar ou fazer uma pessoa com autismo ser normal. As técnicas e as estratégias, tais como a Extra-clarificação visual, os sistemas alternativos de comunicação e os painéis de rotinas, não são usadas porque foram inventadas, elas foram propostas a partir de anos de estudo cuidadoso e são elementos que eles precisam, como um cego precisa de braile ou alguém de óculos. Seria então uma forma de reconhecer as diferenças, sem tomá-las como um impedimento e construir  com isto algo de positivo.
                                                                           
                                                                           Marialice Vatavuk
 Boletim Autismo Brasil (BAB), n. 1, na coluna "Possibilidades", de março de 2005.


Introdução - Doenças e Síndrome
Apesar de todos os avanços conceituais que possibilitam o diagnóstico cada vez mais precoce, e da maior divulgação sobre as características desta síndrome para a população em geral, estudos ainda são escassos no que concerne à instrumentalização adequada que embase um plano de ação capaz de interferir de modo significativo alterando a realidade dessas pessoas.
Histórico
1906 – Plouller – introduziu o adjetivo “autista” na literatura psiquiátrica – demência precoce -> esquizofrenia
1943 – Leo Kanner – pediatra e psiquiatra infantil da Johns Hopkins University (EUA) estudou grupo de 11 crianças - Distúrbio Autístico do Contato Afetivo
1944 – Hans Asperger, médico austríaco – estudo sobre psicopatia autística
1947 – Kanner criou o substantivo e passou a falar em Autismo Primário e Secundário – algumas especulações do 1 seu trabalho se mostraram incorretas
1949 - Rank – desenvolvimento atípico do ego
1955 – Kanner e Eisenberg – “explorações bioquímicas recentes podem abrir novas vias de compreensão sobre a
natureza fundamental da síndrome autística".
1956 – Bender – pseudo-retardo, pseudo-deficiente
1963 – Rutter -  psicose infantil, psicose de início precoce
1976 – Ritvo – problema de desenvolvimento – déficits cognitivos
1988 – Gillberg (Suécia) fatores neurobiológicos
1991 – Uta Frith e Baron-Cohen- teoria cognitiva – teoria da mente
1994 – Francesca Happé (UK) – abordagem tríplice – aspectos biológicos, cognitivos, e os de comportamento

Desde o início – 3 concepções da síndrome:
  • Psicológica
  • Funcional
  • Biológica
ENFOQUES ATUAIS
Se prendem a idéia de desenvolvimento
Compreender :
O por quê ?
Para que ?
Onde e quando
Ocorreram transtornos
CONCEITO
Segundo a “Board of Directors of the National Society for Autistic Children”, atualmente denominada ASA (1977), “Autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de cinco entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas. É encontrada em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu provar até agora nenhuma causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa causar a doença. Os sintomas são causados por disfunções físicas no cérebro, verificados pela anamnese ou presentes no exame ou na entrevista com o indivíduo”. (citado por Gauderer, 1993).  Supressão dos termos incapacitante e doença Gillberg(1990) citado por Schawartzman em 1995 “Autismo é hoje considerado como uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas e curso de um distúrbio de desenvolvimento. É caracterizado por um déficit na interação social visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente combinado com déficits de linguagem e alteração de comportamento”.                           
Principais Características
Não há um único adjetivo que possa descrever todo o tipo de pessoa portadora da Síndrome de Autismo porque há muitas formas dessa desordem
  • Alguns são agressivos consigo mesmo e/ou com os outros
  • Aproximadamente metade não apresentam linguagem ou apresentam pouca, repetindo palavras e frases (ecolalia) e outros podem apresentar linguagem normal
  • Não há teste fisiológico no momento o diagnóstico presença de no. Característicos de comportamento
  • Existem diferentes definições de Autismo utilizadas em diferentes pesquisas na investigação epidemiológica. Assim, dependendo dos critérios definidos em cada definição, variam os resultados obtidos. Quando utilizam-se critérios rigorosos para a definição de Autismo, em geral são relatadas taxas de prevalência de 2 casos para 10.000 habitantes. Quando define-se com critérios menos rígidos, as taxas de prevalência sugeridas são de 4 a 5 casos por 10.000.
Diagnóstico e Classificação
Instrumentos de Mensuração :
  1. Testes Mentais
  2. Escalas Diagnósticas
  3. Critérios Diagnósticos
1) Testes Mentais – necessário adaptar
    2) Escalas de Avaliação
  1. Diagnostic Checklist for Behavior Disturbed Children
  2. Autism Behavior Checklist (ABC)
  3. E-ERC e ERC-N
  4. Psychoeducational Profile. ( PEP)
  5. Childhood Autism Rating Scale (CARS).
Diagnóstico e Classificação
3) Critérios Diagnósticos
DSM – Manual de Diagnóstico e Estatística da APA
  • 1o. em 1952
  • DSM II-R (1987) distúrbios globais de desenvolvimento
  • DSM IV (1995) – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento
3) Critérios Diagnósticos
  • CID – Classificação Internacional de Doenças – OMS
  • CID-10 - 1993
DSM
X
CID
Visão +  ampla dos comportamentos e característica Visão +  ampla dos comportamentos e características
Definição e caracterização da doença, uso + clínico
Diagnóstico Pessoa 
Dinâmico e Pessoal
Classificação
Doença

ESTÁTICA E IMPESSOAL

Diagnóstico Diferencial
Outras desordens associadas com comportamentos autísticos:
  • Asperger Syndrome, 
  • Fragile X Syndrome,
  • Landau-Kleffner Syndrome,
  • Rett Syndrome,
  • Williams Syndrome.
O Diagnóstico é Importante?
Por que é importante para o professor o conhecimento dos critérios diagnósticos ???

Etiologia Causas
O  pensamento vigente mais coerente é o da multicausalidade
  • Influência Genética
  • Vírus
  • Vacinas
  • Toxinas e poluição.
Anormalidades Físicas

1.Disfunções na estrutura neural do cérebro
2.Bioquímica anormal do cérebro
Intervenções (Tratamento)
“quanto antes se iniciar o tratamento do autismo melhor serão os resultados ”
                                              * Precoce e intensivo
Não existe um tratamento padrão universalmente aceito para o autismo , cada método tem seus críticos . Estes métodos de tratamento se agrupam em categorias ou grupos generalizados :
  • Bioquímico (alergias a comidas, medicação , alimentação e suplementos vitamínicos )
  • Neurosensorial (integração sensorial (SI) , sobre estimulação e aplicação de padrões , integração auditiva (AIT) , comunicação facilitada (FC) , terapias relacionadas com a vida diária ).
  • Psicodinâmico (terapia de abraços, psicoterapia e psicanálises .
  • Condutual (Ensaios Incrementais ( Lovaas)  modificação da conduta (ABA), TEACCH ).
Intervenção Educacional

Os objetivos das intervenções educacionais para crianças com Autismo serão diferentes, a depender do grau de comprometimento nas diversas áreas de atuação. Lidando com prejuízos cognitivos importantes, o investimento do profissional deverá ser direcionado, mais especificamente, na busca do aumento da comunicação e interações sociais, na diminuição das alterações comportamentais (estereotipias, hiperatividade etc.), na maximização do aprendizado e independência nas atividades de vida diária.
TEACCH - Introdução
"Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children"

Segundo a Divisão TEACCH da Universidade da Carolina do Norte nos EUA , a  missão do método é: 
Permitir aos indivíduos autistas participarem o mais possível significativamente e independentemente na comunidade
TEACCH - Pequeno Histórico
Meados anos 60 - no Depto de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill - crianças com autismo (ou na  época psicose infantil)  - base psicodinâmica 1972 – Eric Schopler – psicólogo – distúrbio de desenvolvimento – terapias baseadas em programas educacionais  - A sigla Teacch é marca pertencente ao estado da Carolina do Norte Atendimento gratuito – serviços, treinamento e pesquisa.

Conceitos Básicos

Teacch é  um conceito, uma abordagem 

  • Conhecimento do Autismo
  • Técnicas empíricas – pesquisas experimentais
  • Decisões baseadas na avaliação da criança
  • Individualização
  • Orientação para a independência
  • Pais como co-terapeutas
Autismo e a “Cultura Autista”

O Autismo :
  • Desordem de compreensão
  • Orgânico e de desenvolvimento
  • Complexo e Variado
  • Idéia de continuum autista
  • Co-existe com outras deficiências
  • Os melhores programas são individuais e educacionais – os professores são os principais terapeutas
Autismo e a “Cultura Autista”
  
Nossa Cultura
Cultura Autista
Falar , explicar
Seguimos Modelos
Aprendemos conceitos
Grupos - Ambiente Natural
      Guia Social - desenvolvimento da            comunicação

Visual, experimental
Aprendem fatos concretos
Um-para-um Ambiente controlado
Rotinas, hábitos sistemáticos de trabalho
habilidades de comunicação - Intermediadas
1- Como abordar os déficits
COGNITIVO – atenção – organização – generalização
 2- Diferenças Sensoriais
  • Ensinar novas habilidades no um-para-um
  • Organização visual
  • Seqüencia de atividades - programação
  • Tarefas organizadas inicio e fim  claros.
  • Reduzir os estímulos na sala de aula  
  • Ajustar-se ao estilo sensorial da criança  
  • Enfoque visual
3 - Diferenças Sociais - Socialização empatia
 4 - Comunicação
  • Ajustar a demanda social e o nível de contato ao tolerado pela criança  
  • Tornar a interação social mais concreta e visual quanto possível
  • Ensinar habilidades sociais específicas
  • Ajudar a entender o processo de comunicação – a troca
  • Ajudar a entender o processo de comunicação – a troca
  • Começar com o sistema atual da criança
  • Usar enfoque visual  - mesmo p/ os verbais
  • Ensinar conceitos significativos em contexto significativo
5 - Comportamentais
Principais pontos do Método
  • Comportamentos inapropriados surgem quando estão com medo, entediados, quando não entenderam o que foi solicitado
  • ou quando o que foi solicitado é muito difícil
  • Reduzir estímulos
  • Gerenciar mudanças
  • Estrutura Física
  • Programação diária
  • Sistema de trabalho
  • Rotinas
  • Apoio Visual
Estrutura Física


Estrutura Física
   Atividade Independente
  • Limites Físicos e Visuais bem claros
  • Minimizar distrações visuais e auditivas
  • Os limites não são para conter
  • Mesa um-para-um
  • Mesa individual de trabalho
  • Painel de transição
  • Área de lazer


Programação Diária
  • Indica visualmente ao estudante quais tarefas serão realizadas
  • Instrumento de apoio para ensinar o que vem antes, o que acontece 
  • depois, proporcionando o planejamento de ações e seu encadeamento numa seqüência de trabalhos
  • Formas de apresentação
  •  - Com objetos
  •  - Com figuras (Desenhos ou Fotos)
  •  - Figuras e descrições
  •  - Por Escrito
  •  - Nível de entendimento , duração (limites da criança).

Sistemas de Trabalho
  • Tarefas que devem desenvolver a capacidade para realizar atividades de forma independente
  • Estabelecer relação causa-efeito, noção de seqüência (início / meio / fim)
  • São individuais e devem informar ao estudante :
  • Qual é a atividade
  • O quanto deve trabalhar (quantas vezes, quanto tempo)
  • Como saber que terminou e o que fazer depois de terminada a tarefa
  • O que vem depois
  • São ensinados primeiramente nas sessões individuais e após apresentar
  • domínio na realização passará a fazê-los de forma sistemática.

Rotinas
  • Possibilitam o entendimento do que está ocorrendo
  • Propiciam confiança e segurança
  • Autistas têm boa memória à isso deve ser usado a fim de favorecer o aprendizado
  • As dificuldades de generalização indicam a necessidade de rotina clara e previsível
Apoio Visual
  • A estrutura visual colabora porque dá informações a nível de entrada visual  que é um ponto de habilidade do autista
  • Se baseia em:
  • a) Organização Visual  : os materiais e o espaço devem apresentar uma Organização Visual. Separar materiais delimitar área de trabalho na mesa
  • b) Clareza Visual : Enfatizar os pontos importantes do trabalho, tornar visíveis os conceitos através e cores/rótulos e outras dicas visuais
  • c) Instruções Visuais : indicam o que fazer e em que seqüência.

*  A comunicação envolve muito mais que linguagem 
     verbal, pode até não incluí-la.  

*   Portadores de autismo apresentam déficit de atenção
     organização e processamento à impedindo a              
     compreensão de regras e padrões de linguagem à 
     portanto iremos buscar sistemas alternativos de 
     comunicação : esta é a função básica do apoio visual.

PECS Picture Exchange Communication System
Sistema de Intercâmbio de Imagens
  • Temple Grandin e outros autistas frequentemente dizem que “pensam em figuras”  enquanto que o resto de nós pensamos através de palavras.
  • Desenvolvido há 12 anos por Lori Frost e Dr. Andrew Bondy
  • Primeiramente usado pelo Programa de Autismo do estado de Delaware (EUA).
  • Amplamente reconhecido por se focar na INICIATIVA como componente  da comunicação
  • Não exige materiais complexos ou caros, criado com educadores,  terapeutas e pais , podendo ser prontamente usado em várias situações.
  • Crianças pequenas que usam PECS também começam a desenvolver a fala.
  • As crianças são ensinadas a se aproximar (chegar perto) e dar uma imagem (foto) de um objeto desejado, a seu interlocutor, para obter tal objeto
  • Disponibilize ou crie um  Sistema de Símbolos (desenhos em preto e branco ou coloridos , fotos comerciais, fotos pessoais, porta-imagens,
  • As imagens devem estar facilmente disponíveis durante o treinamento.
  • FASE 1 – O  INTERCÂMBIO FÍSICO
  • FASE 2 – DESENVOLVENDO A ESPONTANEIDADE
  • FASE 3 – DISCRIMINAÇÃO DE FOTOGRAFIAS
  • FASE 4 – ESTRUTURA DA ORAÇÃO
  • FASE 5 – RESPONDENDO A “O QUE QUER”
  • FASE 6 – RESPOSTA E COMENTÁRIO ESPONTÂNEO
A elaboração do PIE deverá seguir os seguintes passos :
Segundo equipe da ASTECA
  • 1o. Passo  -  a  observação da criança em situações livres e dirigidas
  • A aplicação do roteiro e observação baseada na Escala de Desenvolvimento  Portage
  • Seleção os objetivos a serem trabalhados
  • Levar em consideração pontos fortes e fracos do aluno
  • Selecionar estratégias para alcançar os objetivos
  • As estratégias devem estar baseadas nos interesses da criança (o fato do indivíduo autista aparentemente não demonstrar interesse pelo ambiente que o rodeia não significa que este interesse não exista)
  • Os objetivos devem ser funcionais, isto é , ter lugar na vida do aluno
  • Acompanhamento e Avaliação

Plano Individual de Ensino (PIE)

Avalia e estabelece objetivos para as seguintes áreas:

  • Sociabilização
  • Linguagem Compreensão
  • Linguagem Emissão
  • Cuidados Próprios
  • Cognitivo
  • Psicomotora              
INTER-RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Eles podem não se lembrar  do que você disse
Eles podem não se lembrar do que você fez
Mas eles sempre se lembrarão do que  os  fez sentir


Bibliografia:
AUTISMO e Transtornos Invasivos do Desenvolvimento - Revisão histórica do conceito, diagnóstico e classificação -José Raimundo da Silva Lippi . Anotações do Seminário apresentado por Jack Wall no IV Encontro de Amigos do Autista – 1997 .Livro Autismo Infantil – J.Salomão Schwartzman e col. Livro Prof. Márcia – ASTECA – Brasília.