quarta-feira, 16 de março de 2016

O TRANSTORNO DA APREENDIZAGEM NÃO VERBAL e o PROTANV. Ana Silvia Figueiral

O Transtorno da Aprendizagem Não Verbal (TANV)
O PROTANV surgiu com o aumento na demanda de atendimentos aos portadores do TANV e a constatação do grande impacto acadêmico e emocional causado por este transtorno, sobretudo na fase do Ensino Fundamental II, abrangendo o período do 6º ao 9º ano, e do Ensino Médio.
No curso dos atendimentos, os profissionais envolvidos nas terapêuticas sentiram a necessidade de ampliar o seu conhecimento sobre o transtorno para promover um novo modelo de intervenção que atendesse os portadores nas necessidades específicas, tanto do ponto de vista comportamental quanto acadêmico e, principalmente na parceria com a escola.
No que concerne à intervenção, as técnicas de manejo já consagradas na abordagem com os outros transtornos, revelaram-se inadequadas ou pouco abrangentes para garantir ao portador o acesso ao conhecimento e a aprendizagem efetiva assim como ao desenvolvimento das habilidades sociais.
A partir destas constatações referendadas na literatura por Thompson (1996), Tanguay (2002), Sands & Schwartz (2000) e Schloerb (2005), organizamos intervenções pontuais com o portador, seus familiares e a escola. Investindo nas habilidades preservadas, visamos a criação de estratégias sociais e de aprendizagem para que, de forma independente, o portador alcance uma adultização produtiva.
PROTANV está organizado para intervir na cidade de São Paulo com uma equipe interdisciplinar composta de profissionais da Análise Comportamental, da Pedagogia e da Psicopedagogia. Considerando que cada portador tem sua própria topografia de sintomas, o modelo de intervenção é individualizado, compartilhado com a família, que recebe o projeto por escrito.
A coordenação geral do PROTANV está a cargo da psicopedagoga Ana Silvia Figueiral que, junto com o psicólogo Daniel Del Rey e a educadora Fernanda Junqueira supervisionam todos os profissionais envolvidos nas terapêuticas, dando também suporte às escolas dos portadores e a seus familiares.
O que é o Transtorno da Aprendizagem Não Verbal?
Não mencionado nos manuais internacionais classificatórios de doenças (CID e DSM) e muito discutido na sua existência como uma categoria independente, o TANV vem sendo estudado pelo psicólogo canadense Byron Rourke, tendo sido o termo “Distúrbios não-verbais de aprendizagem” apresentado inicialmente por Johnson e Myklebust, em 1967.
Trata-se de um perfil neuropsicológico que afeta crianças em seu curso de desenvolvimento, tanto acadêmico quanto emocional e social (Martin, 2007). Do ponto de vista acadêmico, os portadores do TANV apresentam dificuldades na compreensão da leitura, nos conceitos matemáticos, na resolução de problemas, na teoria e nos conceitos científicos. Têm ótimos recursos verbais e de memória auditiva. Alguns são leitores fluentes e dominam um extenso vocabulário.
Revelam prejuízos nas funções motoras e na percepção visoespacial. Apesar de haver motivação para a interação social, os portadores apresentam comprometimento das habilidades básicas necessárias para sustentação das relações interpessoais e são muito dependentes nas atividades do dia a dia.
Os portadores do TANV apresentam um conjunto de características que determinam diferentes combinações e graus de severidade do problema. No entanto, é no ambiente escolar que eles experimentam seus maiores desafios e fracassos. Não é incomum o desejo de mudar de escola e até mesmo de abandonar os estudos, sobretudo na etapa do Ensino Fundamental II. Nesta fase, as dificuldades psicossociais ficam acentuadas assim como os problemas no aprendizado, em função da abordagem de conteúdos mais abstratos, da maior exigência na contextualização e na transferência do aprendizado.
Significado sócio econômico das Dificuldades Escolares
As Dificuldades e os Transtornos de Aprendizagem (Problemas de Aprendizagem) fazem parte de um conjunto de situações que afligem a saúde mental das crianças e consequentemente da família, preocupando os professores. Quando não diagnosticados e não tratados de forma eficiente são um dos principais motivos para a defasagem escolar e para as contínuas reprovações, culminando no abandono da vida acadêmica.
Indigentes do sistema escolar, estes alunos têm maior probabilidade de adesão às drogas, ao uso da violência, maior exposição a riscos de acidentes, gravidez precoce e envolvimentos marginais.
No que tange ao TANV, em função da falta de malícia, os portadores podem se envolver em situações de risco e sendo eleitos como bode expiatório por seus pares. Não raramente, experimentam quadro de depressão.
Nos dias atuais, um só especialista não consegue encarar os fenômenos relativos ao insucesso na vida escolar sem a parceria com as forças sociais, a própria escola, o professorado e a família.  A somatória dos conhecimentos e da reflexão sobre as ocorrências permitem a todos que atuem de forma efetiva, favorecendo a qualificação do aluno e evitando o abandono escolar.
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dólar investido na educação infantil gera economia de sete dólares em assistência social, atendimento a doenças mentais, manutenção de sistemas prisionais, repetência e evasão escolar, e de quinze dólares “per capita” em doenças que continuam se manifestando na idade adulta, como depressões e abuso de drogas, entre outras (Figueiró, 2009)
Os objetivos do PROTANV
1.    Elaborar o Projeto de Intervanção a partir:
a)    Dos laudos recebidos, dos informes da escola e do relato da família;
b)    Do mapeamento das características pessoais e de aprendizagem realizado pela equipe do PROTANV.
2.    Apresentar o Projeto de Intervenção para a família, composto dos seguintes itens:
a)    Objetivos do trabalho;
b)    Suportes necessários nas diferentes áreas de necessidade e de habilidades.
c)    Engajamento familiar: orientações e suportes necessários.
3.    Emitir o laudo para a escola e responsáveis com as recomendações que permitam a inclusão escolar e o manejo no ambiente familiar.
4.    Reavaliar periodicamente o paciente.
5.    Avaliar periodicamente o Projeto para o aperfeiçoamento contínuo das estratégias de intervenção, tanto junto aos pais e profissionais, quanto junto aos pais e professores da escola.
6.    Para os pacientes residentes em outras cidades do Brasil, o PROTANV tem como proposta de trabalho desenvolver um modelo de intervenção, prestando consultoria aos profissionais selecionados pela família.
O caminho do TANV
1.    Pacientes identificados como portadores do TANV;
2.    Avaliação das condições de aprendizagem e das características pessoais;
3.    Contato com os profissionais responsáveis pelos laudos anteriores;
4.    Elaboração do Projeto de Intervenção e apresentação para a família;
5.    Orientação e indicação de profissionais para os suportes necessários.
As propostas terapêuticas para o portador de TANV
Da Educação Infantil ao 5º ano: Tutoria socioeducativa (em sala de aula); suporte psicopedagógico; terapias necessárias; investimento nas habilidades.
Do 6º ano ao Ensino Médio: Tutoria socioeducativa; suporte psicopedagógico e de orientação de estudo; terapias necessárias; investimento nas habilidades.
Considerações Finais
A exclusão escolar e social pode ser o primeiro passo para o processo de marginalização do portador que precisa ser compreendido, protegido e receber os cuidados necessários.
Cabe a todos os profissionais envolvidos com a educação e com a saúde mental estarem atentos para os sintomas característicos do TANV, mobilizando seus esforços na identificação precoce e no tratamento adequado do Transtorno da Aprendizagem Não Verbal (TANV), evitando que os alunos portadores experimentem, ano após ano, o fracasso acadêmico e pessoal com danos severos para sua auto-estima.
“Que nenhuma criança seja humilhada, nem tenha sua admiração diminuída por causa de nossa ignorância ou passividade. Que nenhuma criança seja privada de suas descobertas, porque nos faltam recursos para descobrir seu problema. Que nenhuma criança — jamais — duvide de suas próprias possibilidades porque estamos inseguros de nossa responsabilidade”
Foundation for Children with Learning Disabilities
A equipe PROTANV
Direção:
Ana Silvia Figueiral – Psicopedagoga [ana.figueiral@uol.com.br Tel: (11) 3884.2008/ 8191.4741]
Daniel Del Rey – Psicólogo [danieldrey@bol.com.br Tel (11) 9645.8153]
Fernanda Junqueira – Pedagoga [fejunqueira@uol.com.br  Tel: (11) 5044.3740/ 9711.0686]
Equipe de profissionais:
Bia Alckmim – Psicóloga e Engenheira
Cristiane Abe da Costa – Psicóloga e Psicopedagoga
João Mariano – Psicólogo
Mariana Cavalcante Vieira – Psicóloga
Paula Ferreira Braga Porto – Psicóloga
Paula Barcellos Bullerjhann – Psicóloga
Acesso ao PROTANV
www.protanv.com.br
www.protanv.com
BLOG: http://protanv.wordpress.com
Referências bibliográficas
Figueiró, J. A. Revista Ser Médico, nº 40, Ano XII, Jul/Ago/Set, 2009.
Johnson, D. J. & Myklebust, H. R. Distúrbios de Aprendizagem: princípios e práticaseducacionais. São Paulo, Pioneira, 1987.
Martin, M. Helping children with Nonverbal Learning Disabilities flourish: a guide for parents and professionals. London, Jessica Kingsley Publishers, 2007.
Sands, S. A. & Schwartz, M. A. Nonverbal Learning Disabilities. NYU Child Study Center Letter, 4 (5), may / june 2000.
Schloerb, A. P. The impact of Nonverbal Learning Disabilities on early development. Praxis,5, p. 53-60, 2005.
Tanguay, P. Nonverbal Learning Disabilities at School: Educating students with NLD, Asperger Syndrome and related conditions. London, Jessica Kingsley Publishers, 2002.
Thompson, S. Nonverbal Learning Disorders. Disponível em http://www.nidontheweb.org/thompson-1.htm

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